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01-04-2003

Rui Moura Alves- enólogo do ano


Anadia

Rui Moura Alves- enólogo do ano “A baga é uma das melhores castas do mundo” Catarina Cerca Começou a trabalhar no mundo do vinho com pouco mais de 14 anos. Primeiro, no laboratório das Caves Império, pela mão do enólogo, Calisto Palmeira. Pouco depois, com 16 anos, assumiu a responsabilidade do laboratório das Caves Império e, a partir daí, tem feito uma carreira sempre em ascensão na enologia. Hoje, com 59 anos, acaba de ser premiado com o mais importante “óscar” - o melhor enólogo do ano 200, atribuído pela prestigiada Revista de Vinhos. Falamos do bairradino (sangalhense), Rui Moura Alves. - O que é e o que faz um enólogo? - É aquela pessoa que tem conhecimentos profundos sobre o vinho, desde a videira até ao engarrafamento, de todo o processo. O trabalho de um enólogo começa na própria vinha e só termina no consumidor. - É conhecido por ser um acérrimo defensor dos vinhos “clássicos da Bairrada”. Concorda com essa afirmação? - É verdade. Um vinho clássico é um vinho natural, simples. Procuro, dentro da casta que nós temos na Bairrada (a baga), que ela apareça na adega madura – só assim se consegue um bom vinho – e, depois, dentro de um processo natural, nasce um vinho Bairrada, sem necessidade de leveduras, de filtragens, enfim, de todos os processos artificiais que estão ao alcance dos enólogos. - É portanto um defensor do vinho feito “à moda antiga”... - Com o tempo e com a pressão das novas tecnologias e dos novos produtos químicos tem-se tentado dizer que o vinho agora se faz de uma outra maneira. Isso é falso, é simplesmente uma questão de interesses e dinheiro. O vinho sempre se fez da mesma maneira. - Acusam-no de ser “antiquado e retrógado” por defender, com unhas e dentes, a casta baga, o engaço, os lagares antigos e as prensas verticais, que continua a utilizar. Por exemplo, no roteiro de vinhos de José Salvador, fala-se dos “...fundamentalistas da Bairrada defendem-na (a baga) como um valor vitivinícola absoluto ao ponto de a vinificarem por métodos tradicionais com engaço...”. É uma falsa acusação? - Não é uma acusação. Embora se note uma vontade de criticar, penso tratar-se de puro desconhecimento da pessoa que escreve isso. Hoje, fazer vinho com engaço ou desengaço é discutível. Mas repare que o vinho feito num lagar ou num inox fechado é diferente. Eu só desengaço um vinho quando ele não tem uma maturação correcta. Portanto, nunca dará um bom vinho. É evidente que num lagar, com engaço, há sempre uma melhor oxigenação e nasce sempre um vinho melhor. Daí que as grandes firmas importantes estejam já a fazer o vinho sem o desengaçar, porque se faz sempre um vinho melhor. - Então, tem remado contra a maré? - Assim, durante mais de uma década, fui criticado sobre este processo, mas, afinal, chega-se à conclusão que começam a dar-me razão, não só a Bairrada, mas também outras regiões. Começa-se a ver que um vinho bom é como o que eu faço desde sempre. A PROVA REAL - Este prémio que acaba de receber e a quantidade de vinhos que ajudou a criar e que foram também amplamente premiados, são a prova de que estava certo nas suas convicções e métodos? - Pois, o prémio e os vinhos são a prova real. Precisei de 10 anos para provar, através do consumidor, que os vinhos, feitos pelo processo que defendo, são os melhores. Os vinhos da Bairrada que dão prestígio à Bairrada, dentro e fora do país, são os vinhos que oriento através dos processos que sempre defendi. São os casos dos vinhos da Casa de Saima, Quinta das Bágeiras, Sidónio de Sousa, Quinta de Baixo (considerado um dos melhores 16 vinhos do país), entre muitos outros, pois também mantenho ligações ao Dão, Douro e Verdes, onde faço a orientação necessária, assim como a algumas empresas da região. “A baga é uma das melhores castas do mundo” - Porque razão é a “baga” odiada por uns e amada por outros? - É uma questão complexa, mas, para mim, a baga é uma das melhores castas do mundo. E isso está provado. É uma casta que só, isolada, dá um vinho complexo que outras castas não dão. É uma casta sensível, que requer muitos trabalhos e muita mão de obra. O que se passa é que as adegas cooperativas e as empresas que compram as uvas, não estão a dar por elas o suficiente para o produtor tratar delas convenientemente. Quando houver um preço justo para as uvas, já se poderá exigir ao produtor uvas de qualidade e tratadas na hora certa. Se as pessoas que trabalham comigo fazem excelentes vinhos, a partir da casta baga, por que razão os outros também não os fazem? Essa é uma questão que tem de ficar no ar. - O que significa para si este prémio? - A única coisa que posso dizer é que foi a melhor coisa que me aconteceu durante toda a minha vida profissional. É para mim o topo do prestígio na carreira de enólogo. No país temos muitos enólogos e gente a fazer vinhos das mais variadas maneiras. Ser reconhecido pela Revista de Vinhos como o enólogo do ano é o ponto mais alto de uma carreira. - É o primeiro prémio ou já recebeu outros? - É o primeiro prémio como enólogo, mas tenho muitos vinhos premiados. NA BAIRRADA A EUFORIA PELAS CASTAS ESTRANGEIRAS - Qual o futuro dos vinhos Bairrada? - É fazer os vinhos como os que eu faço, como defendo. A Bairrada é uma região pequena e o seu futuro passa por vinhos estagiados e, dentro destes vinhos clássicos, reconhecidos no mundo, nomeadamente pelos ingleses que dizem mesmo que a baga é uma das melhores castas a nível mundial. - Como vê a “introdução” de castas estrangeiras (cabernet, alicante bouchet, syrha, entre outras) na vitivinicultura nacional? - Há regiões onde admito que existam castas diversas. Temos toda uma região entre a Estremadura e o Alentejo ideal para fazer experimentação e vinhos com castas internacionais. Agora, sou contra que numa região como a Bairrada, Dão ou Douro, apareçam castas estrangeiras, porque são regiões que têm um passado definido com as castas que tinham. Estaríamos a deturpar uma qualidade que se adquiriu e se tem. Parece-me que na Bairrada a euforia pelas castas estrangeiras parou, estando-se a apostar novamente na baga e também na touriga nacional. Mas, repare que a Bairrada não é só baga. É também o vinho branco da Bairrada que, no meu entender, deveria ser todo canalizado para os espumantes, pois teriam uma mais valia para o produtor e para os próprios engarrafadores. Não devemos insistir em fazer vinhos brancos iguais aos do Alentejo ou do Ribatejo que não se consegue. “Cabe à comissão fiscalizar e ver o que por aí se faz” - Na sua perspectiva qual a importância actual das Comissões Vitivinícolas e qual o seu futuro? - São organismos muito importantes. Agora, no caso concreto da Bairrada, penso que a Comissão Vitivinícola terá muito trabalho para fazer, pois não está, de maneira nenhuma, a ter um papel efectivo na defesa e promoção dos vinhos Bairrada. Repare que, na Bairrada, temos vinhos excepcionais, mas a maioria não é do agrado do consumidor. A Comissão deveria exercer um maior controlo e fiscalização sobre o que se faz na Bairrada. A qualidade do vinho na Bairrada não anda bem. Daí que um bom número de produtores comece já a engarrafar – isto prova que as empresas e as cooperativas não estão no caminho certo – tentam vender quantidades muito grande e na Bairrada para haver boa qualidade não pode haver grande quantidade. Cabe à Comissão fiscalizar e ver o que por aí se faz. (28 Mar / 10:28)

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